Mentorando os Y
Lília Marianno
Consultora e empresária
Sou administradora e por mais
de 20 anos tenho exercido a docência universitária (no campo da gestão e da
teologia) paralela à gestão de pessoas no Ambiente Corporativo e no Terceiro
Setor. Nos últimos anos minha atuação profissional está migrando
progressivamente para a exclusividade na direção executiva da Eagle Gestão de
Ensino, empresa que atua com Gestão do Conhecimento para o Terceiro Setor e
Ambiente Corporativo.
Nestes anos todos de carreira tenho lido muita coisa sobre Geração Y no mercado de
trabalho. Tanto que o assunto está saturado. Fala-se que os Y têm muita
ambição, que são muito rápidos, que por terem nascido numa geração na qual as
tecnologias de informação evoluíram muito rapidamente, não tem paciência para
esperar a conclusão de processos. Fala-se que os Y não tem lealdade com os empregadores.
Quando enxergam uma oportunidade muito melhor em outro lugar, não pensam duas
vezes, vão trabalhar na concorrência, porque não focam a organização, mas
apenas o sucesso pessoal. É dito que os Y desejam ocupar as diretorias de alguma
grande organização em tempo recorde, por isso esperam uma ascensão vertiginosa
na carreira. Enfim, tudo isso bate na mesma tecla como aquele velho disco de
vinil arranhado que tocava sempre a mesma linha de uma faixa musical, algo que
os Y tem pouca familiaridade e os Z nenhuma.
Anos atrás, o Jornal da Globo apresentou uma série de
reportagens intitulada: Gerações no Mercado de Trabalho, que tenho usado em
classe muitas vezes. Esta série explica as diferenças de comportamento entre os
empregados de várias empresas pertencentes às três gerações: Baby Boomers
(nascidos após a Segunda Guerra), Geração X (nascidos a partir da década de 60)
e Geração Y (Yuppies - Young Urban Professional - nascidos
a partir dos anos 80). As empresas que alcançaram maior sucesso em seus modelos de
gestão são aquelas que aprenderam a harmonizar as habilidades características de
cada geração na gestão por competências dentro da empresa. Ou seja, habilidades
e comportamentos, velhos integrantes do CHA da gestão por competências, são
cada vez mais requeridos dos profissionais, nas organizações contemporâneas, mais
até que os conhecimentos.
A realidade não mudou tanto desde que as reportagens foram
exibidas pela primeira vez, embora elas tenham-se antecipado, mostrando tanto o
funcionamento de empresas criadas por empreendedores Y – como o Facebook, de
Mark Zuckerberg – quanto o formigamento
da geração Z, que já ocupa os espaços no mercado de trabalho como jovens
aprendizes e estagiários.
Todavia, alguns aspectos estão “evoluindo” noutra direção. Nos
estudos mais recentes mostra-se que o processo de frustração com o
desenvolvimento da carreira profissional da Geração Y tem crescido bastante.
Como uma geração autora de ideais tão ousados que nós, os X, nunca sonhamos, e
que os Baby Boomers facilmente classificariam como delírios, pode experimentar
tamanha frustração com a carreira?
Dois anos atrás li um artigo que trazia um curioso título: Os Y estão envelhecendo. Falava da forma
como o Google começou a mudar alguns processos internos por perceber que uma postura
mais madura era demandada no mercado.
Craig Groeschel, analista de TI, desenvolvedor de Softwares,
conferencista do SUMMIT, autor de vários livros, um CEO cuja faixa etária é
limítrofe entre a geração X e a geração Y, confirmou uma percepção que eu já tinha
disseminado entre alguns Y, que não ficaram felizes com o que eu falei: vocês precisam de mentores, para isso, sejam
mais humildes. Permitam-se serem ensinados.
Ano passado, deparei com outros dois artigos. O
primeiro: uma reportagem da Época de 2012
falando do discurso de David McCullogh, professor numa escola americana,
em plena formatura de seus alunos de ensino médio. McCullogh repetiu 9 vezes,
num discurso de 13 minutos, a seguinte frase: vocês não são especiais!
Nestas três abordagens ficou claro que a sensação de
ser muito especial tem levado os Y à frustração quando a carreira não acompanha
a expectativa gerada pela sua autoimagem. O segundo artigo de 2013 trazia a
pesquisa de Paul Harvey, professor
da Universidade
de New Hampshire, EUA, expert em GYPSYs
(uma categoria especial de Yuppies - Gen Y Protagonists & Special Yuppies).
A constatação dizia o seguinte: os
jovens profissionais da Geração Y estão infelizes.
Entre os principais alavancadores de frustração foi
listado um fator pouco percebido pela própria Geração Y: o Facebook está atormentando todos os Y que não ascendem tão
rapidamente na carreira. Mostrou-se que o FB transforma a vida de alguém num
“reality show”. Nestes espaços as pessoas apresentam versões maquiadas da
própria realidade e publicam apenas aquilo que “vende” uma imagem de sucesso em
todas as áreas da vida. Os que publicam fotos de carreiras muito bem sucedidas e
que condizem com a realidade, pressionam os que estão se sentindo fracassados.
Na minha experiência, como mentora de Y, duas coisas
que muito tem prejudicado a Geração Y na carreira, além das já mencionadas são:
a falta de foco e a falta de sabedoria com o uso da informação a seu favor.
Em seu livro: Administração
na era das grandes transformações, Peter Drucker disse algumas coisas muito
interessantes sobre gestão de carreiras: " A empatia é uma competência prática. Há anos
venho defendendo esse tipo de autoconhecimento, mas agora ele é essencial para
a sobrevivência. O segredo para a produtividade dos trabalhadores
do conhecimento é fazê-los se concentrar na tarefa real"
·
No hall de entrada do Drucker Institute estão
estampadas as fases mais famosas do pai da administração moderna e uma delas é:
“Focus, focus, focus”.
Foco e alteridade. Dois valores muito interessantes para
serem fixados no planejamento de carreira duma geração que foi culturalmente treinada
a visar apenas seu próprio sucesso.
Neste país onde se diz que “o ano começa depois do
carnaval”, que tal fazer um upgrade no seu planejamento de carreira?
Para processos de coaching na carreira profissional, faça contato:
contato@eaglegestao.com.br
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